Desafio do balde de gelo ajudou a identificar o gene da ELA
A internet tem uma incrível capacidade de perder tempo com besteira, vide a histeria coletiva em volta da YouTubeira gringa noiada que um retardado cismou que foi sequestrada e agora não só ela mas a família e amigos estão na mão do ISIS, que quer fazer um massacre convidando jovens para uma rave e o perfil da polícia que confirmou que ela está bem é falso e… — bem, é a conspiração mais retardada da História da Internet, Terra Plana incluída.
Só que a internet tem um lado legal também. Essa mesma internet conseguiu se unir no Desafio do Balde de Gelo, onde você jogava um balde de água gelada na cabeça e desafiava outras duas pessoas a fazer o mesmo, para divulgar projetos sobre Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença neurodegenerativa das mais FDPs.
O cinismo tradicional da internet criticou até não poder mais, só que o bem vence o mal, espanta o temporal e mais de US$ 115 milhões foram arrecadados em doações, normalmente ficavam na casa de US$ 20 milhões. Os acessos a sites sobre a doença aumentaram incrivelmente. Foi um raro sucesso coletivo.
Boa parte do dinheiro conseguido foi repassado para instituições de pesquisa, como a Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, que recebeu US$ 1 milhão, que para pesquisadores em genética é uma boa grana. Como investimento em ciência gera resultado, eles identificaram o NEK1, um gene associado com suscetibilidade a ELA. A pesquisa foi publicada no paper NEK1 variants confer susceptibility to amyotrophic lateral sclerosis.
É uma cura? De forma alguma, é um começo, uma peça importante em um quebra-cabeça enorme, mas diminuir essa descoberta hoje por não ser uma cura é o mesmo que em 1738 dizer que o Princípio de Bernoulli é inútil pois não ensina como construir um A380.
Fonte: NY Daily News.
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