Com poucas doses, estados restringem público-alvo definido pelo Ministério de Saúde para 1ª etapa da vacinação

Com poucas doses e muita gente na fila para vacinar, alguns estados têm restringido o público que deve receber as primeiras doses da CoronaVac, o único imunizante contra Covid-19 disponível no país até o momento. Em algumas cidades, as autoridades de saúde estão definindo as “prioridades dentro das prioridades”.
Entre 26 estados e o Distrito Federal, 5 reduziram os critérios de grupos em relação aos propostos pelo Ministério da Saúde e 2 ampliaram. Maranhão incluiu sem-teto e quilombolas, e São Paulo, os quilombolas. Mas não informaram se têm doses suficientes para imunizar esses grupos. O Plano Nacional de Imunização (PNI) definiu os seguintes grupos para receber o primeiro lote de vacina:
- Trabalhadores de saúde (profissionais da linha de frente que trabalham em hospitais, clínicas e ambulatórios; profissionais de serviços sociais, profissionais de educação física, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares; trabalhadores de apoio, como recepcionistas, seguranças e pessoal da limpeza; cuidadores de idosos; doulas/parteiras; e trabalhadores do sistema funerário que tenham contato com cadáveres potencialmente contaminados).
- Pessoas idosas residentes em instituições de longa permanência (institucionalizadas), como asilos.
- Maiores de 18 anos com deficiência e que moram em Residências Inclusivas (institucionalizadas).
- População indígena vivendo em terras indígenas.
O Ministério da Saúde diz que estados e municípios têm autonomia para distribuição das vacinas, mas recomenda seguir o PNI, porque foi elaborado seguindo estudos populacionais. No momento, o país tem apenas 6 milhões de doses de vacina, o que permitiria imunizar cerca de 2,8 milhões de pessoas — número abaixo do total dos públicos-alvo.
Só a área da saúde tem cerca de 5,9 milhões profissionais no país, o que exigiria quase 12 milhões de doses. Com a primeira remessa da CoronaVac, muitos estados estimam atingir cerca de 30% desse grupo. Algumas cidades estão fazendo escolhas difíceis, porque a quantidade de vacinas não é suficiente nem para os trabalhadores da linha de frente. O informe técnico da campanha de vacinação diz que “a ampliação da cobertura desse público será gradativa, conforme a disponibilidade de vacinas”.
Em entrevista ao Jornal Nacional, o professor Mário Scheffer, da USP, que integra a Rede de Pesquisa Solidária disse que não há diretriz nacional para orientar quais trabalhadores da saúde devem ter prioridade na vacinação. “Isso faz com que cada estado, cada prefeitura, cada serviço tenha seu próprio critério, muitas vezes, injusto”, afirmou.
Veja o resumo e, a seguir, detalhes sobre as estratégias de cada estado:
- 5 estados excluíram pessoas com deficiência que vivem em instituições: AL, PA, RO, RR, e TO
- 2 estados incluíram mais grupos: MA (sem-teto e quilombolas) e SP (quilombolas).
- 2 estados dizem não ter pessoas em dois grupos: AP (maiores de 18 anos com deficiência que vivem em Residências Inclusivas) e RN (indígenas em território indígena).
- As secretarias estaduais de AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, MS, PB, PE, PI, PR, RJ e TO orientaram que os municípios façam a divisão das doses segundo o proposto pelo PNI. Em MG, algumas cidades só vão conseguir vacinar profissionais de saúde. ( Varela Notícias)