Polícia tem elementos para fazer retrato falado do ‘maníaco da seringa’
O cerco ao maníaco da seringa está se fechando, garante a polícia. O Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) da Polícia Civil informou, ontem, que um retrato falado do suspeito — ou de um dos suspeitos — será feito em breve. “A maioria das vítimas não tem uma descrição precisa. Mas localizamos uma delas que pode nos ajudar na elaboração de um retrato falado. Vamos encaminhá-la para fazer o retrato falado”, disse o delegado Carlos Habib, diretor em exercício do Depom. Habib disse que a polícia também busca imagens de câmeras de segurança.
Ontem, o Depom informou que disponibilizou uma equipe que irá se deslocar até as unidades de saúde para entrevistar pessoas que procuram atendimento médico após ter sido feridas em ataques do maníaco. Agora, as próprias unidades de saúde, assim que receberem as vítimas, deverão entrar em contato com a polícia, que deslocará o grupo imediatamente. As medidas são para intensificar as buscas pela autoria dos ataques com seringas registrados na cidade, nas últimas semanas.
“Não se trata de uma força-tarefa. Cada delegacia vai tocar sua investigação em separado. Mas queremos fazer circular as informações com mais agilidade. E a nós do Depom, temos interesse em contribuir nas investigações”, disse Habib, que acredita na existência de mais de um maníaco. “Das características que surgiram, existe uma divergência de características. A gente não pode descartar nenhuma informação. Pode haver um imitador dos primeiros casos, por exemplo. Essa possibilidade é real”, diz. “Enquanto não se chegar à conclusão de que é apenas um maníaco, não vamos concentrar as investigações”, concluiu.
Dez casos
Enquanto não surge qualquer imagem de câmera de segurança ou retrato falado do denominado maníaco da seringa, o número de vítimas cresce dia após dia. Ontem, subiram para dez os casos de pessoas atacadas nas ruas de Salvador, segundo informações da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). A pasta afirma que todas estão sendo acompanhadas pelo Hospital Couto Maia, especializado em doenças infectocontagiosas.
Duas das vítimas prestaram queixa ontem, no final da manhã, na 3ª Delegacia (Bonfim). Outra vítima também esteve na unidade, ontem, para registrar queixa de ataques semelhantes. Desta vez, uma adolescente de 15 anos. Ela disse que foi atacada na manhã de ontem quando saía de uma lan house próximo à Lagoa da Paixão, no bairro de Fazenda Coutos III. “Eu estava perto de casa quando ele me atacou. Foi umas 9h. Também não vi nada e só me encolhi quando senti a dor. Está doendo até agora”, contou a jovem, que foi espetada na barriga.
Relatos
A delegada titular da 3ª Delegacia, Ana Virgínia Paim, informou que a adolescente só recorda que o criminoso tinha pele negra. A titular fez o registro da ocorrência e encaminhou o caso para a 5ª Delegacia (Periperi), responsável pela área onde o fato aconteceu. A jovem foi levada para o Hospital Couto Maia, que fica próximo à 3ª Delegacia, para fazer exames e ser medicada.
Com o semblante preocupado, uma das vítimas que prestaram queixa ontem disse que foi atacada na Liberdade, na manhã de anteontem. A mulher, que é funcionária de uma loja da operadora Oi, não quis ser identificada e disse que tomou apenas a vacina antitetânica. Ela não recebeu as medicações do coquetel antirretroviral. Segundo conta, o médico avaliou que seria desnecessário, já que, de acordo com a própria vítima, o homem não chegou a injetar o conteúdo da seringa. “Eu estava distraída, conversando no celular com um cliente quando ele veio, segurou minha pele e espetou meu ombro, mas não chegou a injetar nada”, disse.
Conforme a vítima, o homem correu no meio da multidão e entrou em outra loja. “Não vi o rosto, não vi roupa, nada. Foi muito rápido”, comentou. Uma colega de trabalho que estava no momento disse que também não viu o homem e, na hora, se preocupou em dar socorro porque a amiga estava nervosa. “Ficou desesperada e a reação dela foi chorar”, afirmou. A vítima disse ainda que foi liberada do trabalho ontem e hoje para fazer os procedimentos necessários. Fonte: Correio