
Ex-presidente falou em São Bernardo, durante congresso de agricultores.
TCU recomendou rejeição das contas do governo devido às ‘pedaladas’.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (13), em São Bernardo do Campo (SP), que a presidente Dilma Rousseff fez as chamadas “pedaladas fiscais” como meio de assegurar o pagamento dos programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a rejeição das contas do ano passado do governo federal devido, entre outros motivos, ao atraso nos pagamentos dos benefícios a bancos públicos. Por causa do adiamento das transferências a instituições financeiras como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES, esses bancos tiveram de usar recursos próprios para honrar os programas federais, em uma espécie de “empréstimo” ao governo, manobra contábil apelidada de “pedalada fiscal”.
“Agora, estou vendo a Dilma ser atacada pelas pedaladas. Não conheço o processo, não li. A Dilma, em algum momento, ela tenha deixado de repassar dinheiro do Orçamento para a Caixa, não sei, por conta de algumas coisas que ela tinha de pagar e não tinha dinheiro. E qual eram as coisas que ela tinha de pagar? Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família. Ela fez as pedaladas para pagar o Minha Casa, Minha Vida”, disse Lula durante discurso no 1º Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores.
No Congresso, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou no plenário do Senado que é “mentira” que as pedaladas foram necessárias para garantir os programas.
“Eu vejo também uma tentativa recorrente, agora sugerida pelo ex-presidente Lula, e vejo verbalizada por muitos daqueles que lhe são próximos, para dizer o seguinte: “Olha, as pedaladas foram necessárias para pagar o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”. Mentira! Mentira!”, afirmou Aécio.
Em seguida, o parlamentar disse que o Tesouro Nacional teria recurso para pagar os programas sociais, “só que não o fez deliberadamente”. “Por quê? Ampliou outros programas com o objetivo eminentemente eleitoral”, afirmou.
No evento de pequenos produtores rurais, participaram, além de Lula, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), o secretário de Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy(PT), e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias (PT).
O ministro falou sobre a possibilidade de abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma. “Não vamos recuar na democracia. Quem ganhou governa. É assim na democracia e quem perdeu tem de se preparar para a próxima eleição. Precisamos fazer acertos econômicos. Temos desafios, mas não vamos perder o rumo”, declarou.
Fonte: G1
(Foto: Glauco Araújo/G1